Desde aquele dia em que depositara uma flor na campa de Leonor, Carlos calara o nome dela para sempre no seu coração. E no entanto, cinquenta e dois anos depois, ainda era capaz de se ver a despedir-se dela em Malange. Era um final de tarde cinzento, coberto de nuvens pesadas, levantara-se uma aragem morna que lhe trazia o odor fresco da terra recentemente remexida, oferecendo aquele momento uma intensidade, uma realidade, ainda mais dolorosa. Atrás de Carlos ficava a casa de Leonor, à frente o sertão imenso era a paisagem ideal dos amores perfeitos. Carlos depositou a flor na campa e ficou ali de pé, imóvel na sua tristeza. "Não te vou esquecer nunca, minha querida, vou apenas calar o teu nome para não enloquecer. Desculpa-me se te falhei, se não estava presente para te salvar. É uma mágoa, uma culpa, que terei de carregar durante o resto da minha vida. Despeço-me agora, querida Leonor, com a certeza de que nunca voltarei a amar ninguém como te amei a ti".(...)
Desde então, não houve uma única alma na face da Terra que tivesse ouvida da boca de Carlos o nome de Leonor, mas só ele sabia que nã passou um único dia sem ter um pensamento para ela.
O Tempo dos Amores Perfeitos, Tiago Rebelo
Deixa lá... N fikes tristinha... :)
ResponderEliminarProcura mas é o teu... Ou plo menos tenta... bjs