... ontem 40 anos sobre a manhã de Abril que mudou para sempre o rumo da História de Portugal e da vida dos portugueses. Caía assim um regime pautado pelo silêncio forçado, pela polícia política e pela ditadura. Terminavam assim os dias de desaparecimentos e de prisões de tantas pessoas. Surgia de novo a liberdade e a possibilidade de se poder dizer o que verdadeiramente se pensava, poder seguir o rumo de vida que realmente se desejava e, no caso específico das mulheres, abriam-se novas portas e novas possibilidades profissionais.
Tudo poderia ter sido diferente se o imediato do NRP "Almirante Gago Coutinho" não tivesse impedido o disparo a partir desta fragata estacionado em pleno rio Tejo sobre as tropas que se juntavam no Terreiro do Paço. Tudo teria sido diferente se o soldado que estava num chaimite como o da fotografia tivesse acatado a ordem do seu superior e tivesse disparado sobre um homem de braços abertos que teimava permanecer diante do imponente canhão. Esse homem era Salgueiro Maia. Um olhar e um nome que surgirá sempre associado a este dia e ao regresso da liberdade para todos os portugueses.
Estive ontem presente no Terreiro do Paço, onde desde dia 24 e até ao final do dia de hoje muitas são as actividades e as demonstrações apresentadas pelos três ramos das Forças Armadas. Foi bom ver tanta gente na rua e muito curiosa com aquilo que os militares tinham para mostrar e explicar. Muitos foram os aplausos que se ouviram no concerto dado pela Banda da Armada e em que estiveram presentes os três Chefes de Estado-Maior dos três ramos. Muitas eram as crianças que tudo queriam ver e tudo queriam aprender. E muitos foram os aplausos que se ouviram após os gritos das três escolas de raiz militar que existem no nosso País e que estiveram presentes para mostrar aquilo que são ao nível da ginástica e que tantos prémios e medalhas ganham a nível nacional e internacional. Primeiro o silêncio e depois a salva de palmas aos gritos do Instituto de Odivelas, Colégio Militar e Instituto dos Pupilos do Exército.
Ao contrário do que muitas vezes os nossos governantes podem querer fazer passar em muitas das suas declarações, é nestes momentos e nestas manifestações que se vê que os portugueses estimam os seus militares. Ainda que eu ache que poderiam estimar muito mais, pois estamos a anos-luz do que se passa em muitos países lá fora como Espanha, Reino Unido ou Estados Unidos da América, as pessoas estiveram presentes. Muitas pessoas durante todo o dia no Terreiro do Paço fizeram questão de ver e de falar com os militares que por lá andavam.
É bom ver que ainda existe algum do espírito de Abril que conseguiu receber de braços abertos os militares que tiveram a coragem de dizer "Basta!" e de sair para as ruas para lutar por um simples ideal: a liberdade!
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