Uma equipa internacional composta por cientistas de Portugal, Brasil, Espanha e Itália identifica uma nova molécula em águas açorianas que demonstra ter propriedades farmacológicas antitumorais. Designada por tambjamina K, a nova molécula, da família das tambjaminas que pertencem ao grupo dos alcalóides, foi identificada numa amostra de moluscos nudibrânquios da espécie Tambja ceutae e do alimento deste invertebrado, colhida no Porto da Ilha da Horta, no Arquipélago dos Açores. "Esta molécula é muito provavelmente adquirida através do alimento, o briozoário Bugula dentata, e acumulada para utilização na própria defesa do molusco, já que este molusco utiliza a substância como arma química contra os predadores", explica Gonçalo Calado, investigador do Instituto Português de Malacologia, membro da equipa de cientistas internacionais que desenvolveu o trabalho. No estudo, publicado na edição de Fevereiro de 2010 da revista Bioorganic & Medical Chemistry Letters, os cientistas indicam terem realizado análises químicas a uma amostra de quinze indíviduos Tambja ceutae e do brizoário Bugula dentata, colhida no Porto da Horta. No entanto, apesar de rara, a espécie não é exclusiva da costa açoriana. "Como o nome indica, esta espécie foi inicialmente descrita em Ceuta, existindo à volta do Estreito de Gibraltar, nas Canárias, em Cabo Verde, na Madeira e nos Açores. No entanto, é em geral uma espécie muito rara, à excepção de alguns pontos muito concretos como o Porto da Horta, na ilha do Faial, onde facilmente se localizam centenas de exemplares, devido à grande abundância do seu alimento", explica Gonçalo Calado. No estudo, os cientistas indicam que analisaram a bioactividade da substância em linhas celulares tumorais e não tumorais de mamíferos, avaliando o crescimento e viabilidade das mesmas. As linhas celulares em estudo incluíram células humanas do cancro do cólon e do útero, células de glioma e células mioblásticas cardíacas de ratos de laboratório e fibroblastos de murinos. De acordo com os cientistas "os resultados mostraram que quer a tambjamina K quer o tetrapirrole, (um metabolito relacionado com a tambjamina K) exibem actividade citotóxica notável e dependente da concentração contra células mamíferas tumorais e não tumorais". Por enquanto, os cientistas vão continuar a desenvolver testes mais específicos e começar a procurar "um parceiro interessado na indústria farmacêutica". Já em relação a futuras terapêuticas com base nesta substância, o investigador português adianta que "ainda estamos muito longe de poder responder
a esta questão". Gonçalo Calado afirma ainda que "a grande lição que podemos tirar é que Portugal tem um manancial enorme de produtos naturais marinhos inexplorados e que, certamente, muitos deles estão mesmo «à mão de semear». Não é necessário ir muito fundo nem muito longe, apenas olhar com olhos de ver e encontrar os parceiros indicados".
quarta-feira, abril 21, 2010
Bubbles...
... e viva a nossa vida marinha!
in Correio dos Açores, 10ABR2010
Afinal existem muitas coisas boas neste nosso cantinho! :)
Voltas e voltinhas:
cá do nosso cantinho à beira-mar plantado,
ciência
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Que brutal =D
ResponderEliminarO nosso cantinho a beira mar plantado tem realmente muitas oportunidades para quem tiver boas ideias para as explorar! Muito, muito fixe!!
É mesmo! Lembrei-me logo de te dar a dica :)
ResponderEliminarE foi nesta área que estagiei no final da licenciatura. Simplesmente fascinante :)
Vou alegremente roubar a noticia para o meu cantinho :whistleing:
ResponderEliminarE tu trabalhaste mesmo nesta área, deve ser uma sensação óptima veres um trabalho que sabes o quanto custa fazer, ser reconhecido publicamente =)
Rouba alegremente! :)
ResponderEliminarSim, é uma sensação fantástica conseguirmos descobrir alguma coisa que poderá, em última instância, poder ser a solução para doenças tão complicadas como são os tumores.