segunda-feira, abril 19, 2010

Há...

... uns anos atrás, por volta do meu 10º ano, deixei de gostar tanto do mês de Abril como havia gostado até aí. A notícia que chegou um dia de madrugada era já esperada mas custa sempre quando se ouve a concretização. Foram longos meses com o coração sempre nas mãos, com sofrimento sempre escondido. Partiste, Avó.
Conseguiste sempre esconder todo o sofrimento que tinhas (apesar de todos nós sabermos que as dores deviam estar a ser horríveis e insuportáveis). Durante todos os meses após a saída do hospital (por volta do dia dos meus 15 anos) mostraste sempre muita coragem e, apesar de tudo, ainda tinhas paciência para os netos que te iam visitar. Até mesmo quando a médica disse que os medicamentos para as dores já não estavam a fazer nada, quando o corpo já se havia habituado e já não cedia, foste forte e não mostraste uma lágrima à nossa frente. Foste forte, muito forte. Todos sabíamos que não havia nada mais a fazer. A não ser esperar...
Chegou o dia e custou muito. Não vi a minha mãe chorar à minha frente, somente um olhar distante que nunca tinha visto até esse dia. Mas sei o que se passou quando a porta de casa fechou e não me deixaram ver mais. Despedi-me de ti a pensar nas muitas férias passadas contigo e em que muito brincávamos, nas descobertas, nas flores plantadas (a tua grande paixão) e na tua colecção de canecas (a outra paixão que herdei de ti).
Tenho muitas vezes saudades de ti. Dias importantes na minha vida já os tive e já não estavas para a partilha, para o sorriso. Hoje tenho pensado muito em ti e como sempre conseguiste reunir toda a família. Eras um pilar. Ainda hoje, quando passo pela tua antiga casa baixo os olhos com saudade dos muitos momentos ali passados. Não suporto olhar e pensar que já não és tu que abre aquela porta castanha. Que já não sou eu que entro naquela casa a correr em direcção à cozinha para te encontrar. Já não são as tuas flores que ali moram. Já não és tu que ali estás.
Tenho saudades...
Beijo grande.

4 comentários:

  1. Sem palavras para comentar. Beijinhos

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  2. Mas mesmo sem palavras para comentar dizes muito, Mestre :).
    Obrigada.
    Bjs

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  3. Comigo foi um mês de Fevereiro, dois dias depois dos meus 16 anos. A vida e mesmo assim, agora e recordar os bons momentos quando a saudade aperta. Um abraço grande amiga.

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  4. Tens toda a razão, amiga. A vida é mesmo feita destas coisas. Uns partem, outros chegam. E quando a saudade aperta é tempo de recordar as muitas gargalhadas e momentos partilhados.
    Bjs

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