... esta frase no meu caderninho de notas:
Devemos manter os segredos e adivinhar os que os outros guardam; ser impenetráveis e penetrar na escuridão dos olhos dos outros.
"O Navio do Ópio", Fernando Sobral
Leio esta frase e penso que tem tanto a ver comigo, que diz tanto sobre a minha forma de ser. Confesso que não sou uma daquelas pessoas que fale muito de si própria, que mostre muito daquilo que se passa por esta cabeça. Tenho emoções e histórias que guardo para mim e que não partilho com ninguém, mesmo que a pessoa possa ser muito importante para mim. Sei que pode não ser o melhor a fazer mas existem coisas que prefiro guardar no meu pequeno mundo.
Mas confesso que gosto de observar os outros e o que dizem os seus gestos e o seu olhar. E sei (ainda ontem tive essa sensação... e acho que a confirmação...) que posso, por vezes, assustar com quem falo por acertar em determinadas características ou emoções que possam estar a tentar ser escondidas (exactamente da mesma forma que eu o faço). Mas também acho que, quando acerto nas minhas "observações", é porque a pessoa em questão tem, um pouco ou talvez muito, de comum comigo. Sou assim e é mais forte do que eu... Observo e gosto de ler olhares. Não ler a alma, nada disso. Acho que existem coisas que devem ser reservadas a cada um. E porque segredos todos nós temos e gostamos de ter, é aquilo que alimenta o nosso interior e que nos faz mostrar um exterior da forma como nós queremos. Olhares mais ou menos fáceis de ler, olhares que mostram tristeza apesar da cara sorrir fascinam-me, não sei explicar porquê. Fazem-me pensar no que estará escondido ali, o que fará uma pessoa seguir determinado caminho e mostrar duas coisas tão diferentes em simultâneo: alegria e tristeza, realização e indecisão.
A nossa vida é recheada de tantos encontros, tantas pessoas novas surgem no nosso caminho sem muitas vezes estarmos muito à espera. E como eu gosto destes encontros. Encontros em que cresço, em que me vejo ao espelho... Encontros em que aprendo a ser melhor... Ou pelo menos, em que tento.
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