... questão dos dois submarinos adquiridos por Portugal provocou sempre muita celeuma e discordância nos mais variados sectores da nossa sociedade. No entanto, muitas vezes a discordância quanto a esta questão resultou mais de um desconhecimento sobre a matéria que também é compreensível pois nem sempre a passada boa informação para a maioria da opinião pública. Apesar dos tempos de crise que vivemos e o objectivo deste post não ser a defesa de aquisição de novos meios neste exacto momento (apesar das necessidades mais do que flagrantes por que passamos), aqui fica um texto informativo sobre os submarinos da classe Tridente retirada da página da Marinha Portuguesa no Facebook.
A dissuasão como arma – Submarinos da Classe Tridente
O controlo de uma vasta área marítima, de interesse, como a portuguesa – com mais de 4 milhões de quilómetros quadrados, extensão equivalente a 80% de todo o continente europeu – é sempre uma tarefa complexa para qualquer Marinha, por mais recursos que tenha ao seu dispor. A descontinuidade territorial e a necessidade de operar a longa distância das suas bases, num amplo espaço interterritorial, obrigam Portugal a manter uma Marinha de carácter eminentemente oceânico.
Face à dimensão desta área marítima e à limitação de recursos, a dissuasão é a única estratégia de controlo eficaz que resta a Portugal, dada a impossibilidade de vigiar em permanência, ou com a frequência necessária, todo o espaço marítimo nacional. Inibir os potenciais oponentes ou infractores de prosseguirem num determinado curso de acção, jogando com o grau de incerteza de poderem estar a ser observados e de virem a sofrer perdas irreparáveis, é, por conseguinte, a base desta estratégia.
Com um papel relevante na vigilância e repressão de ilegalidades e abusos, os meios de superfície e aéreos podem, todavia, ser facilmente localizados e seguidos pelos actuais sistemas de deteção (satélites, radares, electro-óptico e visuais), razão pela qual não exponenciam o referido fator de dissuasão.
Ao actuarem de forma encoberta, os submarinos são o único meio capaz de provocar inibição nos potenciais oponentes ou infractores. A isto acrescem as características próprias destes meios navais, nomeadamente, o seu grande raio de acção e mobilidade, a capacidade de permanecerem por períodos prolongados numa área de operações e a sofisticação dos seus sistemas (sensores, armas e sistemas de comando, controlo e comunicações).
A possibilidade de surpreender em flagrante prevaricadores ou adversários constitui um elemento nuclear e multiplicador da estratégia de dissuasão. Assim, só os submarinos são
capazes de vigiar, controlar e seguir infractores e oponentes de modo totalmente discreto e sem perturbar os seus modos de actuação e comportamentos, no sentido de recolher provas e/ou informações únicas e com elevado valor estratégico para o Estado português.
Numa perspectiva puramente militar, os submarinos são os únicos meios capazes de operar em áreas completamente dominadas pelo opositor, podendo destruir rapidamente o cerne das suas forças navais, atacar de surpresa as suas bases na costa e em terra (a mais de 100 km de distância) e minar portos e áreas de acesso tidos como nevrálgicos. Ainda que limitado por questões políticas e militares, o mero potencial para executar esta panóplia de acções confere a um pequeno país como Portugal uma extraordinária capacidade de afirmação, constituindo-se assim num forte argumento de suporte à política externa do Estado em qualquer momento de crise que coloque em perigo os interesses vitais do País.
Face à dimensão desta área marítima e à limitação de recursos, a dissuasão é a única estratégia de controlo eficaz que resta a Portugal, dada a impossibilidade de vigiar em permanência, ou com a frequência necessária, todo o espaço marítimo nacional. Inibir os potenciais oponentes ou infractores de prosseguirem num determinado curso de acção, jogando com o grau de incerteza de poderem estar a ser observados e de virem a sofrer perdas irreparáveis, é, por conseguinte, a base desta estratégia.
Com um papel relevante na vigilância e repressão de ilegalidades e abusos, os meios de superfície e aéreos podem, todavia, ser facilmente localizados e seguidos pelos actuais sistemas de deteção (satélites, radares, electro-óptico e visuais), razão pela qual não exponenciam o referido fator de dissuasão.
Ao actuarem de forma encoberta, os submarinos são o único meio capaz de provocar inibição nos potenciais oponentes ou infractores. A isto acrescem as características próprias destes meios navais, nomeadamente, o seu grande raio de acção e mobilidade, a capacidade de permanecerem por períodos prolongados numa área de operações e a sofisticação dos seus sistemas (sensores, armas e sistemas de comando, controlo e comunicações).
A possibilidade de surpreender em flagrante prevaricadores ou adversários constitui um elemento nuclear e multiplicador da estratégia de dissuasão. Assim, só os submarinos são
capazes de vigiar, controlar e seguir infractores e oponentes de modo totalmente discreto e sem perturbar os seus modos de actuação e comportamentos, no sentido de recolher provas e/ou informações únicas e com elevado valor estratégico para o Estado português.
Numa perspectiva puramente militar, os submarinos são os únicos meios capazes de operar em áreas completamente dominadas pelo opositor, podendo destruir rapidamente o cerne das suas forças navais, atacar de surpresa as suas bases na costa e em terra (a mais de 100 km de distância) e minar portos e áreas de acesso tidos como nevrálgicos. Ainda que limitado por questões políticas e militares, o mero potencial para executar esta panóplia de acções confere a um pequeno país como Portugal uma extraordinária capacidade de afirmação, constituindo-se assim num forte argumento de suporte à política externa do Estado em qualquer momento de crise que coloque em perigo os interesses vitais do País.
Este é um assunto que me cria alguma alergia devido a determinados contornos que fui conhecendo, uma vez que excelso esposo esteve durante muito tempo envolvido em assuntos com o Alfeite e, logo, com alguma informação privilegiada sobre o tema e onde nem aí este assunto é pacífico. Já falamos sobre isto e apesar de concordar que são eficazes penso que não deveriam ser uma prioridade para Portugal. Muitos outros sistemas e necessidades, mesmo ao nível de equipamento naval, me parecem mais urgentes, atendendo às especificidades dos problemas da nossa costa.
ResponderEliminarDepois, toda a questão da própria compra, das garantias do material em si mesmo, da questão logística e de treinamento de tripulação me parecem muito dúbias o que tende a aumentar ainda mais toda a minha dúvida em volta deste tema.
Daquilo que tenho lido em alguns dos teus comentários e posts, Cláudia, já tinha uma ideia da tua opinião sobre o assunto. Sim, é um facto que nem pelo Alfeite a aquisição dos submarinos é algo aceite por todos mas, na maior parte dos casos, as divergências de opiniões têm por base a dicotomia já bem antiga de meios de superfície e de sub-superfície e de quais deverão ser alvo de maior investimento em detrimento dos outros.
EliminarJá no que toca à tua opinião relativa à existência de outros meios de aquisição mais urgente, eu divido-me. Pode dizer-se que concordo e que não concordo. Se por um lado faz todo o sentido complementar a vigilância proporcionada por meios de superfície com submarinos, também tenho que reconhecer que os nossos meios navais de superfície já passaram largamente a sua "esperança de vida" pelo que se impõe a sua rápida substituição. É uma dualidade e compreendo ambos motivos para se dizer que sim e que não a esta compra. Mas fiquei curiosa em particular com um ponto que focas como dúbio. A que te referes quando mencionas o treino da guarnição?
Mas o meu principal objectivo com este post foi clarificar um pouco a utilidade e o tipo de missões que os submarinos podem desempenhar de forma que estes não sejam sempre os parentes menos desejados das aquisições de meios navais no nosso País.