domingo, setembro 16, 2012

O...

... dia de ontem marcou com as suas manifestações por todo o País. Marcou pela dimensão, pela quantidade de pessoas e pelos inúmeros cartazes que se avistaram nas ruas deste Portugal. Marcou pela vontade de muitas pessoas em desejarem mudanças para que Portugal possa ter um futuro à altura do seu passado. E marcou por ver pessoas de diferentes gerações lado a lado a lutarem por algo comum: a vontade de não nos vermos afundar ainda mais. Não são apenas os jovens os principais afectados por toda esta crise por não conseguirem a colocação que desejariam após estudarem tantos anos. São pais de família que perdem a sua forma de sustento e que não têm forma de proporcionar aos seus filhos algo tão básico como alimentação ou educação. São reformados que vêm as suas reformas reduzidas após tantos anos a descontarem. São realidades nuas e cruas que se cruzaram nas nossas ruas e que quiseram mostrar aos governantes que é preciso dizer "Basta!" a todas as medidas de austeridade que parecem mais uma forma de camuflar os gastos da estrutura governante do que efectivamente proporcionar o desafogo económico ao nosso País. E muitas são as vozes que se levantaram também neste nosso mundo da blogosfera. Quem não conhece a Marta do blog Marcas por Amor? Pois bem... Ontem foi o dia dela nos deixar um pequeno desabafo que não é mais do que uma realidade partilhada com muitos outros jovens que não conseguem ir mais além como tanto desejam e que se vêem obrigados a partir para outras paragens (já agora e sobre este assunto da emigração, deixo-vos aqui a sugestão de assistirem à reportagem "18000 km" a ser transmitida hoje na RTP1 após o jornal da noite e que fala das histórias de muitos jovens portugueses que agarraram a oportunidade dada pela Austrália e foram para bem longe de casa em busca de uma vida melhor que não conseguem no seu próprio País). Aqui ficam as palavras da Marta.

Este post hoje tem uma legenda diferente do habitual. Não dou só voz às marcas de moda que nos conseguem elevar o astral no dia-a-dia quando nos levantamos da cama para encararmos mais uma luta por aquilo que merecemos. Hoje faço uma legenda não só ao que visto, mas também ao que sinto: revolta, injustiça. 
Gostava de acreditar que depois da manifestação de hoje, o povo português, e falo em nome dos mais jovens, pode acreditar que existe esperança para um futuro (a curto prazo) mais risonho. Já perdi a conta há quantos anos falamos em "crise" no nosso país, mas neste momento grito com todos "basta". 
Gostava de ter coragem de emigrar, como muitos amigos já o fizeram, porque, por exemplo, desde 2008 que a Empresa privada onde trabalho não reconhece uma licenciatura. Não reconhece uma especialização. Não reconhece um mestrado... não reconhece a vontade de quem quer trabalhar mais e melhor e não sabe aproveitar correctamente as competências específicas que (ainda), e no meu caso, vou tendo vontade de partilhar. Não reconhece a vontade de construir um futuro (faltar-me-ão mais rugas, com certeza). Reconhece, antes, com um ordenado pouco mais do que o ordenado mínimo nacional e com expectativas e respostas ausentes e demoradas. 
Felizmente toda a minha angústia profissional pós-académica deu-me motivação para criar em 2009 este blogue - uma marca minha, que me livrará certamente das cadeiras de psicólogos e psiquiatras.  No meu dia-a-dia respiro fundo e podia lembrar-me mais vezes de dizer "relax and blog about it..." ;)
Aos 26 anos não tenho perspectivas de me tornar independente dos meus pais tão depressa. Não tenho poder para pedir um empréstimo para uma casa minha. Consegui um empréstimo para um carro com uma  valente cunha. Não tenho perspectivas de construir uma família como já vou tendo vontade. Estudei, estudei, estudei... e quero trabalhar - melhor - porque a Empresa onde estou tem capacidades para me dar outros caminhos. Mas...a "crise" não permite mudar estatutos. A "crise" não  permite arriscar, não permite incentivar, não permite evoluir. 
Hoje revolto-me pela minha situação, mas também pelas condições de outras pessoas. Sei que mais jovens licenciados / pós-
graduados / especializados / mestres numa área não vêm reconhecidas as suas competências e a sua vontade. Os órgãos políticos estão repletos de pensamentos vigaristas, sim, e depois temos as hierarquias de diversas empresas a aproveitarem-se da conjuntura para tapar os olhos, ouvidos e bocas (eu e outros amigos ouvimos falar em "crise" desde que nos licenciámos em 2008). Até quando?
 
Porque todos os que foram à manifestação de hoje lutam por mais esperança no futuro e por justiça, e todos têm a sua "situação" - muitas delas muito, muito, muito piores do que a minha, reconheço naturalmente... mas neste espaço só posso falar por mim. Gostava, no entanto, de ter uma voz, neste meio fashionista, para fazer chegar mais uma opinião sincera, humilde e revoltada. Sou mais uma jovem vítima dos sonhos, da vontade de crescer, da vontade de vingar competências e sorrisos. 
E é por palavras assim que gosto do blog da Marta. Obrigada por estas palavras! 

3 comentários:

  1. Gostei do texto. Triste realidade esta =/

    Beijo ^^

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    1. Infelizmente esta vai sendo a realidade de um número cada vez maior de jovens. É pena que assim seja... Fico triste pelo meu País...

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