quinta-feira, outubro 04, 2012

E...

... pronto! Lá foram anunciadas as medidas que vêm substituir a TSU. E pronto! Lá vamos ter mais uma machadada nos nossos bolsos a partir de Janeiro de 2013. Os funcionários públicos, pensionistas e reformados vão ver devolvido um dos subsídios que lhes havia sido retirado em 2012, agora resta saber é se, com todas as subidas de impostos que vão ocorrer, as pessoas vão ficar efectivamente com esse subsídio ou não. A ver vamos! Obviamente que hoje não se fala de outra coisa. Nos transportes. Nos corredores do trabalho. E nos jornais... Não sei se já tiveram a oportunidade de ver a capa do jornal I de hoje mas confesso que não pude deixar de sorrir pela lembrança que tiveram. Colocaram os metralhas na capa... E não é assim que todos os portugueses se sentem? Não é roubados que nos sentimos em todos os momentos que vemos os impostos a subir e uma crise que nunca mais há forma de estar resolvida?
Temos exemplos de países como a Islândia ou a Irlanda que lá foram recuperando do seu estado de crise e parecem agora estar no bom caminho. É verdade que podíamos seguir os seus exemplos mas temos um grande fosso que nos separa e esse fosso tem um nome muito simples: mentalidade. Não querendo usar a velhinha desculpa dos países latinos do sul da Europa para justificar o que quer que seja, a verdade é que a forma de lidar com os problemas e a crise é claramente diferente entre os países do norte e do sul da Europa. Não somos os mesmos e deveríamos aprender mais com os países que têm nevões e tempo frio na maior parte do ano. Países cuja luz do sol tem alturas de nem se avistar mas que, mesmo assim, conseguem dar a volta e estar no topo em várias frentes. O grande problema de Portugal é a sua mentalidade de permanentemente arranjar desculpas para tudo. É certo que toda a fase do Estado Novo deixou marcas incontornáveis na história lusa e na forma de pensar dos portugueses. Mas não podemos culpar eternamente Salazar de tudo o que se passou após ele deixar de estar à frente deste País. Não foi ele que tomou as decisões na fase pós-25 de Abril. Não foi ele que promologou leis e que decidiu que Portugal deveria seguir esta ou aquela via. Por acaso vêem a Alemanha sempre a culpar Hitler dos acontecimentos que viveu no pós-Segunda Guerra Mundial? É claro que todas as restrições e a divisão a que se viu sujeita após 1945 (e que durou até Novembro de 1989) se ficaram a dever ao regime nazi mas não foi por isso que os alemães culpam o Hitler da mínima crise que lhes possa surgir. Arregaçam as mangas, unem-se como povo e bola para a frente! O sentido de união do povo alemão (e olhem que eu estou longe de ser uma pessoa que venere a Alemanha, nada disso!) está longe do nosso sentido de união como povo português. Aliás, tenho momentos em que tenho sérias dúvidas que esse sentido de união exista efectivamente. Ok, houve a manifestação e tal mas isso tratou-se de sair para rua. Será que se fosse para arregaçar as mangas nos uniríamos da mesma forma? Sinceramente não sei e isso deixa-me triste... 
Ainda ontem, aqui no meu local de trabalho, falava-se durante a hora do almoço que certos países possuem este espírito de povo tão enraizado fruto das guerras que viveram. A Espanha com a sua Guerra Civil nos tempos de Franco. Muitos países da Europa com a Segunda Guerra Mundial. Nós tivemos a Guerra Colonial mas que foi feita fora de portas... Muitos foram os portugueses que partiram para lutar nas ex-colónias e nunca regressaram. Não quero com isto dizer que Portugal deveria ter sido um campo de sangue. Nada a ver. Apenas acho que reside neste ponto uma possível explicação para a falta de espírito de união que nos caracteriza para os assuntos que verdadeiramente importam. Os portugueses  ao saberem de um apelo, unem-se e são solidários em torno dessa questão mas em muitos outros campos não poderiam estar mais de costas voltadas. E isso dói-me enquanto portuguesa que ama este País.
Não será de espantar que 2013 seja um ano em que veremos ainda mais portugueses abandonarem a sua pátria em busca de melhores condições fora de portas já que por cá qualquer dia têm de pagar para ir trabalhar. Magoa ver esta realidade em que tantas famílias precisam de viver afastadas porque, de outra forma, não teriam dinheiro para o conseguir fazer. Dói, dói muito...

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