... sei se tiveram oportunidade de assistir a uma reportagem que foi transmitida ontem à noite, no jornal da noite da TVI, sobre o estado em que se encontra actualmente a Avenida de Roma e área circundante, no que ao comércio tradicional diz respeito. Obviamente que isto será um tema com mais interesse para quem seja de Lisboa e tenha conhecido esta zona há uns anos mas revela, sem dúvida, o estado em que se encontra este nosso País à beira-mar plantado... Pois o caso que foi retratado é apenas mais dos muitos que ocorrem por esse Portugal fora com muitos dos locais de sempre a fecharem e a deixarem saudades...
A zona da Avenida de Roma e Guerra Junqueira é minha conhecida desde tenra idade. Foi aqui que entrei, pela primeira vez, na tão famosa Zara. Era aqui que fazia a maior parte dos meus lanches de fim-de-semana com os meus pais. Foi nesta zona que andei à escola até ir para o Ensino Secundário e depois a Faculdade. Foi aqui que tanto material escolar comprei na Livraria Barata e que tantos livros novos pude saborear adquiridos tanto na Livraria Barata como na Bertrand. É nesta avenida que estão três das minhas pastelarias favoritas da cidade (Mexicana, Suprema e Frutalmeidas). É aqui a minha loja favorita de venda de Swatchs onde se podem encontrar peças de coleccionador simplesmente fantásticas. É aqui a minha ourivesaria preferida, a Paiva, que mais do que peças fantásticas, tem um atendimento cuidado e em que se gera uma relação de amizade. E poderia continuar aqui o resto do dia a escrever sobre as coisas que gosto desta zona... Dói ver tantas referências da minha infância e adolescência desaparecerem para darem lugar a lojas de chineses, como aconteceu com a famosa Simotal (que ficava em frente da já demolida Piscina do Areeiro) e agora parece ser este o futuro do Cinema Londres, marca emblemática da nossa cidade no que às salas de cinema dizem respeito.
O aparecimento de muitas salas de cinema em tantos outros centros comerciais pela cidade fizeram com que estas salas mais clássicas, em que havia maior proximidade entre os clientes e quem nos atendia, tendessem a perder a sua clientela. Menor número de salas traduz-se em menor número de filmes disponíveis ao público, tornando o local menos atractivo para as massas. Infelizmente, este cinema veio a perder progressivamente os seus clientes e acabou por ir à falência. Após algum tempo fechado, veio agora a notícia de que o espaço havia sido vendido e que iria dar lugar a uma loja de chineses. Como é que é possível deixar-se um local destes morrer desta forma e ser substituído por mais uma loja de chineses que surgem a cada esquina de tantas cidades portuguesas como verdadeiros cogumelos? Dói-me, enquanto cidadã da cidade de Lisboa, ver as coisas chegarem a este ponto. Dói-me ver lugares de sempre da minha infância darem lugar a lojas que não trazem o menor interesse nem o menor acrescento para uma zona de cidade que já foi referência no que toca a fazer compras com qualidade e chegou a ser uma das avenidas mais caras da cidade, com o que de melhor se podia adquirir. Infelizmente, os interesses económicos falam, uma vez mais alto, e vê-se assim fechar um lugar de sempre e que tantas memórias deixa em tantas pessoas desta cidade.
Mas os cidadãos estão à alerta e, apesar de poder parecer que não se pode fazer nada, têm manifestado o seu desagrado e está já a circular uma petição nesta zona para tentar impedir o avançar desta situação. Para quem quiser e estiver solidário com esta causa de cidadania pode, durante este fim-de-semana, assinar a petição em papel que se encontra disponível na Mercearia Criativa (morada: Avenida Guerra Junqueiro, número 4A, 1000-167, Lisboa - quem sobe a Guerra Junqueiro a partir da Alameda fica do lado direito. Horário de funcionamento: das 10h às 20h) e na Mexicana (morada: Avenida Guerra Junqueiro, número 30C, 1000-167 Lisboa - fica no início da avenida junto à Praça de Londres).
Transcrevendo o que foi escrito no blog Cidadania Lx:
«Não tendo existido qualquer publicitação ou conhecimento de que o imóvel onde durante 42 anos funcionou o Cinema Londres estaria para arrendar/vender e tendo-se sabido agora que no local vai surgir uma loja de produtos orientais, o que surpreendeu moradores e comerciantes, o Movimento de Comerciantes da Av. Guerra Junqueiro, Praça de Londres & Av. de Roma decidiu elaborar umapetição “O nosso bairro precisa de um pólo cultural!” que se encontra a recolher as assinaturas necessárias para ser apresentada aos órgãos municipais e a outras entidades públicas, no sentido de junto dos proprietários se encontrar uma solução para o nº 7-A da Avenida de Roma, freguesia do Areeiro, que em paralelo com a existência de comércio torne possível a manutenção de um pólo cultural.[A petição está a circular em papel. Está hoje e amanhã na Livraria Barata. Depois passa para a Farmácia Algarve (mesmo ao lado do Cinema Londres) e no fim de semana para a Mercearia Criativa e Mexicana. Assine! Vamos encontrar uma solução.]
Se puderem e quiserem contribuir para esta causa da cidade de Lisboa, passem pelos dois locais mencionados e assinem!
É mesmo triste, vários símbolos da cidade de Lisboa estão a tornar -se autências lojas de chines, indianos etc. triste mesmo.
ResponderEliminarÉ ver tantas coisas bonitas e que podiam ser aproveitadas de outra forma a desvanecer, não é? É mesmo triste...
EliminarA crise tem determinado o fecho de muito do comercio local, onde se pode trocar dois dedos de conversa e onde as pessoas se tratam por tu. Concordo contigo ]e triste locais que dantes eram movimentados, se tornarem locais vazios.
ResponderEliminarAbraço
Pedro Ferreira.
É mesmo isso, Pedro: é triste ver assim lugares de sempre a perderem toda a vida que os caracterizava. É um retrato cada vez mais comum nas nossas cidades e fico triste por isso. Estamos a perder o que de melhor existe.
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