... é por estas e por outras que se vê que não devemos ter ideias pré-concebidas de ninguém porque nunca se sabe onde poderá estar uma bela surpresa (texto retirado da página de Facebook de Bruno Nogueira). Tal como tinha prometido, aqui está o prefácio que escrevi para o livro do senhor Roberto Leal:
Vou directo ao assunto: irrita-me o senhor Roberto Leal. Não gosto do cabelo, a roupa faz-me confusão à vista, e o sotaque indeciso entre dois países dá-me vontade de enfiar este corpinho carnudo num Opel Corsa e espetar-me a 140 km/h (porque o Opel não dá mais), contra uma carrinha que transporte bilhas de gás cheias.
Sendo ateu convicto, muito mais me incomoda que tudo o que diz, inclua:
a) uma alusão a deus (sim, com letra pequena)
b) nossa senhora
c) qualquer outra personagem do best seller de ficção "A Bíblia".
Pensará o estimado leitor: "então esta besta é convidada para escrever o prefácio do indivíduo cantor de Vale da Porca, e desata-me a dar pancada no homem?"
Calminha.
Primeiro, não respondo a frases escritas por mim a fingir que são outras pessoas.
Segundo, as linhas acima escritas datam de há cerca de dois anos, época em que não conhecia o autor deste distinto livro.
Dito isto, devo dizer o seguinte: o Roberto Leal foi uma das grandes lições que tive nos últimos anos. Passo a explicar.
Conheci o Roberto quando o convidei para integrar um programa de altíssima comédia, chamado "Último a Sair". O desafio era claro: desconstruir a imagem que Portugal tinha dele, de forma a que isso fosse uma mais valia, tanto para o programa, como para ele próprio. Confesso que fiz o convite a achar que ia receber um não.
Mas um não com sotaque.
Recebi um sim.
Mas um sim com sotaque. E esse foi o início da lição.
Aos longo dos episódios, eu e a equipa de escrita do programa, fomos subindo a fasquia, para perceber qual era o dia em que o Roberto lia o guião e de seguida dava entrada nas urgências do Amadora-Sintra com um principio de ataque cardíaco.
Não aconteceu. E garanto-vos que nos esforçávamos, terminando as sessões de escrita a dizer: "naaaa, ele nunca na vida vai aceitar filmar um jantar afrodisíaco a fazer-se a mim, ao Miguel Damião e ao Unas, enquanto está a dançar com uma flor na cabeça e depois leva uma mangueirada na boca."
E na semana seguinte, o Roberto Leal estava a filmar um jantar afrodisíaco, a fazer-se a mim, ao Miguel Damião e ao Unas, enquanto dançava com uma flor na cabeça, para então depois levar uma mangueirada na boca, em horário nobre, na RTP 1.
Os filhos das pessoas que ouviam Roberto Leal, começaram aos poucos a perceber que aquele bichinho tinha muito mais andamento do que eles. E isso passou a ser assunto.
E eu, ao longo do tempo, fui descobrindo a generosidade e a entrega de alguém que estava disposto a pôr-se em risco e que, por isso mesmo, foi ganhando o respeito e admiração de todos os que trabalhavam à sua volta.
Atirou-se de cabeça para um rio que tanto podia ter 20 cm de profundidade, como 20 metros. Eu dizia-lhe que tinha 20 metros, mas não passava de um palpite.
E o resto foi o que se viu. Teve a inteligência de aproveitar tudo o que achávamos que eram pontos fracos, para fazer deles armas de renascimento artístico e pessoal.
Começou de novo sem ter de apagar o que estava para trás e mostrou que há mais para ver do que aquilo que nos chega desfocado aos olhos.
Ele dirá que foi deus quem o encaminhou para isso.
Eu sou mais de dizer que foi nossa senhora. Até porque sou maluco por mamas.
Ah, e já que estou numa de abrir o coração, cá vai: em Julho de 2011 fui três vezes para a cama com o Roberto. A primeira foi num pinhal em Abrantes, e as outras duas foram nas traseiras de um bar, em Vale da Porca, contra uma grade de cervejas. E até nisso ele foi surpreendente, porque tem uma pilinha extremamente pequenina e em forma de Irmã Lúcia.
Quanto ao livro, não li, mas acho muito fraquinho.
Bruno Nogueira
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